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Podcast é inovação no mundo corporativo

O radinho de pilha evoluiu. Hoje, ele está na palma da mão num smartphone capaz de reproduzir a programação inteira de emissoras de rádio, ao vivo, de qualquer lugar onde haja até mesmo sinal em 3G. Mais do que isso, a comunicação por áudio se espelhou em plataformas de vídeo como o Youtube e o Netflix para criar um negócio específico que não para de crescer: o podcast. Tornou-se mais um canal indispensável para meios de comunicação, mas também uma forma inovadora de se comunicar no mundo dos negócios.   

O Brasil tem um século da cultura do rádio que explodiu nos anos 20. Quem diria que, 100 anos depois, um mercado de conteúdo de áudio fosse explodir por aqui. Somos, depois dos Estados Unidos, o segundo maior consumidor de podcast do mundo. De olho neste mercado, o Spotify, que era só musical, investiu mais de US$ 230 milhões em 2019, adquiriu a Gimlet, empresa especializada em podcasts, e comprou o aplicativo de criação Anchor.   

Um estudo1 do IAB (O Interactive Advertising Bureau) aponta que o consumo de podcasts no Brasil é feito na maioria pelo celular (91%) e principalmente quando as pessoas estão em trânsito (79%) ou fazendo atividades domésticas (68%). Com a pandemia, os períodos de quarentena provocaram uma avalanche de ouvintes e uma pesquisa2 da Loures Consultoria, indicou um crescimento de 200% em um ano. São 86 milhões de acessos em um ano no Spotify.   

O canal de comunicação de geração de conteúdo em áudio é tendência no mundo dos negócios. A ConsulPaz, dentro do seu espírito inovador, possui o Podcast Conteúdo Compartilhado desde 2020, com entrevistas em forma de debate, trazendo líderes, empresários e tendências de gestão, de Centros de Serviços Compartilhados e do ambiente corporativo. Eu também já estou na segunda temporada do meu podcast, CacoCast, com uma série de entrevistas com pessoas do mundo todo e de várias áreas sobre os impactos da pandemia na vida delas. O canal foi ampliado e também produz podcast para empresas e profissionais.   

Existem outras iniciativas de programas de podcast de negócios como o ResumoCast, o mais ouvido sobre os principais livros de empreendedorismo. No início de março deste ano, o Primocast, canal de finanças do Primo Rico, com apresentação de Thiago Nigro e Bruno Perini, entrevistou com exclusividade o ministro da economia Paulo Guedes. Todos os outros canais da mídia tradicional repercutiram as falas de Guedes, Canais de TV, rádios, jornais, revistas, blogs e portais de notícias.   

Outro estudo3, realizado pela Associação Brasileira de Podcasters (Abpod), indica que 57% dos ouvintes de podcasts têm nível superior e/ou pós-graduação e que 40% têm renda superior a R$ 5 mil por mês. As agências de propaganda e as empresas já estão de olho e começam a direcionar verbas publicitárias para programas específicos que têm aderência com suas marcas.   

A origem do nome podcast foi criada em 2004 por Ben Hammersley, jornalista da BBC. Ele abreviou o termo Personal On Demand Broadcast, ou Rede de Transmissão Pessoal sob Demanda. O que desmistifica de que surgiu a partir da junção de IPod com Cast. O fato é que você pode ouvir áudio enquanto faz exercícios, caminhando na rua, ou executando tarefas domésticas, em tempos de home office. Também é possível escutar em viagens longas até mesmo dirigindo o carro, cada vez mais equipado com dispositivos multimídia. São outros diferenciais a favor do Podcast.   

Acompanhando esta evolução, também crescem os canais e aplicativos de áudio livros, de resumo de livros. Destaque ainda para as buscas no Google, a comunicação por comando de voz com as assistentes virtuais como a Siri e a Alexa. Uma nova rede social chamada Club House, lançada para usuários de Iphone, conecta pessoas ao vivo por áudio em ambientes como uma sala virtual para bate-papos ininterruptos. Cresceu muito este ano no Brasil, com a presença de grandes players do varejo, marketing digital, finanças, empresários e líderes de diversos segmentos da economia.   

A propósito, os líderes e gestores devem ficar atentos para não ficarem para trás. Com a necessidade de se comunicar, cada vez mais, em videoconferências, em entrevistas ao vivo para canais do Youtube, Instagram e outros canais da internet, cabe um alerta final. A dica é criar os seus conteúdos ou participar cada vez mais de programas de podcast sobre o seu negócio. Primeiro, porque gera conteúdo e relevância para sua marca da empresa ou pessoal. Depois, você acaba aprimorando a sua comunicação de forma espontânea. Fundamental, desde os tempos dos antigos aparelhos de rádio, esta habilidade é hoje, mais do que nunca, essencial.   

Se não existia um cenário preparado na área da saúde, nas empresas que tiveram que fechar as portas, nas pessoas que perderam o emprego, o mundo da tecnologia da informação estava engatilhado. No meio da pandemia, à medida que as pessoas se afastaram, ferramentas de conexão por áudio e vídeo, aplicativos, plataformas de armazenamento de dados, de comércio pela internet, de aulas on-line deram um salto gigantesco.  

  A empresa californiana Zoom Video Communications, fornecedora de serviços de videoconferência, teve aumento no faturamento de mais de 1000% só no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2019. Chegou a apresentar problemas de segurança devido a uma demanda que jamais imaginou ter. As escolas tradicionais, os escritórios, as empresas de comunicação e o varejo passaram a se comunicar à distância. Quem iria imaginar que os jornalistas de rádio e TV iriam transmitir notícias de casa, que os médicos atenderiam por videochamada, que haveria somente audiências da justiça por conexões da internet.   

Todas estas possibilidades nas relações de trabalho já existiam, mas ainda era uma demanda reprimida. Tanto que os eventos esportivos e shows musicais seguiram acontecendo assim que foi possível estabelecer protocolos, mas sem público presencial. Só que milhões de pessoas seguiram assistindo de casa. Não há o calor humano, a temperatura do ambiente, nada é palpável, mas é possível acompanhar do sofá de casa. Aquele mundo do desenho animado dos Jetsons, com robôs e automação que parecia impossível nos anos 70/80 está aí.    

Não é normal, mas existem várias oportunidades de negócios como o streaming de vídeo que cada vez mais cresce para empresas e pessoas de qualquer tamanho. Jamais vimos tantas janelas de vídeo ao vivo nos smartphones, desktops, tablets, notebooks e aparelhos de TV. Da mesma forma, muitos setores foram potencializados como os mais úteis, os chamados essenciais, serviços públicos de limpeza, segurança, os supermercados e abastecimentos em geral, manutenção de veículos, combustíveis, farmácias, hospitais e serviços de saúde em geral.   

A grande mudança na comunicação que serve de alerta é nas corporações. A primeira é de que a relação de trabalho será diferente daqui para frente. Muitas empresas perceberam que algumas atividades não precisam mais ser presenciais. É mais econômico manter muita gente em teletrabalho ou de forma híbrida, ou seja, presencial e on-line em dias alternados. Há uma exigência nas regras das empresas e entra a importância do profissional do setor de RH.   

As pessoas estão trabalhando em casa onde elas invadem o próprio espaço, onde a família era só família. O homework só não pegou de surpresa os profissionais autônomos que também haviam percebido um caminho alternativo. Mas os profissionais das empresas, assim que voltaram para o seu habitat de trabalho, após um período de quarentena, estranharam o novo layout de distanciamento, avisos, protocolos, bandeiras, colegas de máscara, alguns sem. “Pode? Em que local comemos? Onde lavamos as mãos? Onde está o álcool gel? Meu filho não tem como ir à escola que segue fechada, posso ficar em casa? O ônibus está lotado, vou me atrasar, mas eu serei descontado ou arrisco? O diretor está de quarentena e ninguém domina o assunto como ele daquela reunião, cancelamos?”. Algumas coisas até são simples de se resolver, mas sem comunicação eficiente será sempre mais difícil.    

A comunicação interna da empresa precisa ser aprimorada e os profissionais de RH preparados para uma avalanche de dúvidas e insatisfações no curto prazo. Em prazos mais longos, será preciso aprimorar os treinamentos com cursos que ainda estão por surgir. Não é à toa que surge a formação para diretores da felicidade, Chief Happiness Officer, especialistas em potencializar o bem-estar das pessoas no trabalho.   

Nunca as soft skills foram tão testadas. As habilidades de resiliência, empatia, colaboração e comunicação são essenciais para a sobrevivência do ambiente corporativo com os nervos aflorados. Neste caso, talvez nem seja preciso uma pesquisa de clima. Melhor partir logo para o diálogo direto e permanente.   

O papel dos líderes também sofreu um impacto enorme. As reuniões, os comunicados e os feedbacks precisam ser eficientes no sentido de encorajar os colaboradores. O gestor precisa ter criatividade com as equipes para flexibilizar horários e fluxos de trabalho sem comprometer a produtividade. Será preciso se comunicar mais como ouvinte e com gestos, através das atitudes dando exemplo e fazendo parte do processo. Enfim, seja mandando um sinal de fumaça nos tempos primitivos ou uma mensagem por Whatsapp, a eficiência não está no canal, mas na mensagem. O novo normal é anormal, mas a comunicação não muda. Será sempre essencial.


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