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Teletrabalho – Uma Tendência? Não, Uma Realidade Irreversível!    

O Teletrabalho, com suas demais denominações – Home Office, trabalho remoto, trabalho à distância – já há muito tempo, não se constitui em tendência; de fato, é uma realidade irreversível, da qual as organizações que pretendem sobreviver não terão como fugir.  

O artigo ‘Home office’ cada vez mais presente nas empresas1 publicado pelo Jornal O Globo, refere-se a recente pesquisa realizada pela Consultoria Talenses que revelou em uma amostragem de 1.167 profissionais de diferentes níveis hierárquicos, 42% dos respondentes já trabalham no modelo home office, pelos benefícios que o mesmo traz aos colaboradores e para as próprias empresas.  

Por outro lado, pesquisa de abrangência nacional, realizada em 2018 pela SAP –Consultoria em Recursos Humanos2, com o apoio da SOBRATT (Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Tele atividades) e do GCONTT – Grupo de Consultoria em Teletrabalho, evidenciou que em um universo de 327 empresas participantes, 45% delas praticavam o teletrabalho; esse percentual representava um aumento de 22% em relação aos resultados obtidos na pesquisa anterior, de 2016.  Estes são, entre muitíssimos outros estudos, levados a efeito em todas as partes do mundo, uma confirmação de que o teletrabalho, juntamente com as demais formas de flexibilização do trabalho, veio para ficar.  

Esses números têm uma razão de ser – os resultados que o teletrabalho traz para os colaboradores, para as empresas e para a comunidade, se enquadrando no conceito de sustentabilidade – resultados para as organizações, as pessoas e para o meio ambiente.  

De tato, os benefícios para as empresas são patentes – melhora do engajamento dos colaboradores, aumento da produtividade, atração e retenção de talentos, redução de custos com espaço físico e despesas correlatas, impacto na imagem institucional, pela aderência às modernas práticas de gestão. Para os colaboradores, os benefícios são incontestes – melhoria na qualidade de vida, utilização do tempo evitado com o deslocamento para atividades mais importantes do que tempo no trânsito – mais tempo com a família, repouso, atividades físicas, lazer e estudo. 

A comunidade e o meio ambiente também recebem um impacto positivo, com a melhoria da mobilidade urbana, e a redução da emissão de poluentes trazida pela redução do número de deslocamentos. A utilização de PCD´s também está entre esses benefícios.  

 Apesar de todos esses fatos e números apontados pelas pesquisas e estudos (também presentes em todas as demais partes do mundo) e pelas evidências dos resultados obtidos, a implantação do teletrabalho ainda encontra resistências, dentre as quais destacam-se:  

  • A adoção de um estilo de gestão baseado no comando e controle, ao invés do estilo que privilegia as entregas e resultados, que é o que verdadeiramente conta. Na realidade, o fato de o colaborador ser comandado e controlado colide totalmente com a existência de um clima organizacional favorecedor do bom desempenho dos colaboradores, que precisa ser fundamentado na confiança e no respeito pelas pessoas.   
  • A crença, por parte de muitos gestores de que as pessoas só produzem se estiverem ao alcance do seu campo visual. “Como vou saber se, estando em casa, meu funcionário está de fato trabalhando?” Embora sem sentido, essa pergunta ainda passa pela cabeça de muitos gestores.  
  • O entendimento de que a produtividade decrescerá pelo fato de o colaborador estar trabalhando em casa. As evidências mostram exatamente o contrário.  
  • A preocupação com riscos trabalhistas –algumas empresas ainda entendem que pode trazer riscos o fato de o colaborador estar trabalhando em outro local que não o escritório da empresa – controle de jornada, horas extras, exposição a acidentes e doenças profissionais etc.; preocupação essa totalmente descartada, em razão da segurança jurídica trazida pela Reforma Trabalhista.  

Entretanto, todas essas resistências, que acabam por impedir que as empresas colham os inúmeros e relevantes frutos do teletrabalho, caem por terra na medida em que as mesmas implantem o teletrabalho de maneira estruturada. Essa estruturação, na realidade, é fator fundamental para uma implantação de sucesso. Dessa maneira, quais são os fatores críticos de sucesso, que asseguram uma implantação apropriada e que traga resultados concretos para as empresas?  

  • O desenho e a implantação, propriamente dita, contando com a participação das áreas da empresa envolvidas – Recursos Humanos, Tecnologia da Informação, Jurídico Trabalhista, bem como as áreas ligadas ao negócio e as de back office.  
  • Uma Política de Teletrabalho, para explicitar os objetivos e as regras do jogo – regime de dias fora da sede da empresa, critérios de elegibilidade, papéis e responsabilidades dos gestores e teletrabalhadores, aditivo ao Contrato de Trabalho, orientação quanto a TI e Segurança da Informação, bem como com relação à Ergonomia e Segurança do Trabalho.  
  • A sensibilização e capacitação dos gestores e teletrabalhadores, através da qual os atores envolvidos se sintam comprometidos com as regras do jogo e capacitados para exercerem seus papéis no programa.  
  • Monitoramento, com base em indicadores de desempenho, e uma avaliação constante, também são decisivos, pois como qualquer atividade estratégica, há que se medir e acompanhar, para que os resultados sejam assegurados.  

Nessa ordem de ideias, o segmento de Serviços Compartilhados tem todas as condições de se beneficiar da implantação do teletrabalho. Os próprios conceitos que embasam esse segmento - maior produtividade com melhor qualidade na prestação de serviços, apoiada por uma força de trabalho mais qualificada e engajada, melhoria dos processos, redução de despesas com espaço físico, estão totalmente alinhados aos propósitos do teletrabalho.  

O momento é, pois, de menos discussão e mais ação. Já existem argumentos em quantidade suficiente e adequadamente robustos, para passarmos da discussão para a ação.


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