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O varejo precisa de arquitetura – e não é da fachada que estamos falando

O varejo é dinâmico e cheio de nuances particulares de cada vertical. Porém, isso não impede que alguns temas se repitam, devido à sua relevância e complexidade. Enquanto alguns desses temas fazem menção a soluções sistêmicas, outros estão relacionados a facilidades de integração, e há aqueles que dizem respeito às estratégias e aos processos de negócios.

Devemos levar todos eles em conta ao compor o que chamo de Arquitetura de Negócios das Empresas Varejistas. Segundo o Business Architecture Guild, “Arquitetura de Negócios representa visões de negócios holísticas e multidimensionais de capacidades, entrega de valor ponta a ponta, informações e estrutura organizacional; e as relações entre essas visões e estratégias de negócios, produtos, políticas, iniciativas e partes interessadas”.

Como compor uma inteligência de negócios sólida

Baseado nas discussões que venho tendo com meus Clientes, preparei uma lista com o que considero os 10 temas que precisamos endereçar para compor uma inteligência de negócios sólida.

  • Integração das inovações: modalidades como Crediário Próprio, Loyalty e novas formas de pagamento vem surgindo com frequência e velocidade. É preciso estar preparado para integrá-las às plataformas de vendas físicas e web de forma funcional e processual;
  • Qualidade dos dados e seu impacto nos processos de negócios: esse entendimento deve levar em conta os riscos relacionados a questões regulatórias e de imagem para o negócio;
  • Alocação correta de mercadoria: sempre foi relevante, mas a novidade é o quanto o uso de tecnologias como inteligência artificial e machine learning tem se destacado nestas funções. Elas ajudam a garantir maior assertividade na distribuição dos estoques e proporcionam melhores margens;
  • Integração entre as operações de omnichannel: isso deve ser feito de forma a integrar a cadeia de fornecimento à jornada de venda. Pensar omnichannel separadamente mata o “omni” (“todo” em latim) e prejudica seriamente a experiência do consumidor;
  • Soluções complementares: o surgimento de novos canais proporciona diferentes experiências para atender segmentações de clientes e de negócios. É preciso explorar as soluções mais adequadas para cada público, garantindo que as novas plataformas e tecnologias sejam adaptadas para cada segmento. Tome como exemplo o processo de dropshipping;
  • Cobertura à complexidade da Legislação Fiscal: especialmente no que diz respeito à regionalidade e agilidade no resgate de benefícios legais. Parece incrível, mas esse ainda hoje é um ponto fraco em muitas empresas, e o tema está entre as principais queixas dos empresários varejistas;
  • Reconhecer que o híbrido veio para ficar: autoatendimento, venda assistida integrada ao e-commerce e assemelhados são cada vez mais presentes. Lutar contra isso é perda de recursos e energia. Muito mais importante é criar uma boa contingência que garanta a continuidade das vendas em todos os modelos, independente de oscilações na infraestrutura;
  • Transição de modelos: não são poucas as empresas que dedicam esforços para a venda ao consumidor final (B2C), reduzindo a atuação por meio de representantes ou distribuidores (B2B). Os gigantes do varejo, em especial, têm avançado muito nesse sentido. Pense no perfil de seus clientes e representantes, estude as necessidades de ambos. Além disso, reflita se não é o caso de sua empresa fazer essa transição também – ou ao menos se preparar para ela no futuro;
  • Agregar serviços à venda de mercadorias: estou falando de garantia estendida, seguros, serviços pós-venda, entre outros. Todos têm ajudado os varejistas a elevar suas margens sobre as vendas;
  • Concorrentes: são e sempre serão um ponto de atenção inescapável. Entretanto, hoje, com o avanço das estratégias de BI, é preciso estar atento principalmente à concorrência que domina as informações sobre seus clientes e investe pesado em suas estratégias de venda e gestão.

A necessidade de atender urgências no dia a dia deixa muitos desses temas parados em algum canto, esperando a hora em que enfim “vai dar tempo” para se preocupar com isso. Mas essa hora nunca vai chegar, a menos que a empresa tenha a seu lado profissionais experientes em tecnologia e processos para negócios do varejo, com atuação dedicada e estratégica. Esses profissionais podem estar entre as fileiras da empresa, ou serem consultores e mentores. Mais do que o “modelo de contratação”, importa é que sejam capazes de apoiar tanto na montagem da estratégia quanto na sua implantação.

Certamente após sua leitura você poderá discordar da presença de um tema ou da ausência de algum outro. Porém, a ideia dessa lista não é que ela seja exaustiva. Ao contrário: e uma lista, como já disse, construída a partir da minha experiência. Para que essa lista fique mais completa – e a Arquitetura de Negócios do Varejo construa um negócio sólido e eficaz – sua colaboração será muito bem-vinda.


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