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Fruki chega aos 100 anos com nova fábrica e compromisso ESG

No atual contexto global, a discussão em torno da Governança Ambiental, Social e Corporativa, as práticas ESG, têm ganhado cada vez mais relevância. Empresas de todos os setores reconhecem a importância de adotar práticas sustentáveis, responsáveis e socialmente inclusivas como parte de sua estratégia de negócios. Nesse sentido, a Bebidas Fruki S.A., de Lajeado, no Rio Grande do Sul, uma das principais empresas do segmento de bebidas no Brasil, tem se destacado como referência em iniciativas ESG.

Para entender melhor as práticas adotadas pela Fruki e a visão da empresa sobre a importância do ESG no cenário empresarial, entrevistamos Fabíola Eggers, Gerente de Relações Institucionais da Fruki e coordenadora da recém-criada Divisão ESG da Federasul. 

A conversa, conduzida pelo CEO da ConsulPaz, Ari Pellicioli, e com a participação do jornalista e editor da Revista Conteúdo Compartilhado, Caco da Motta, revelou não apenas as ações da Fruki, mas também a trajetória de Fabíola e os esforços empreendidos para promover a sustentabilidade nas empresas gaúchas. Além disso, a entrevista abordou o compromisso da Fruki com o planeta e os planos para o futuro com uma nova fábrica, inaugurada no ano de 2024 quando celebra 100 anos de história.

Um história de quase 20 anos na Fruki

Com uma trajetória de quase duas décadas na Bebidas Fruki S.A., Fabíola Eggers iniciou sua carreira na empresa em 2004, após passar cinco anos no Walmart. Entrou na Fruki na área de Relações Institucionais, onde desempenha um papel crucial na expansão, marketing institucional e iniciativas relacionadas à ESG. Sua jornada na Fruki começou com a abertura do Centro de Distribuição (CD) em Porto Alegre, posteriormente transferido para Cachoeirinha, e, mais recentemente, a construção de um moderno CD em Canoas, que recebeu a certificação sustentável Aqua. Além de seu trabalho na Fruki, Fabíola é ativa em diversas entidades de classe e instituições, incluindo a Federasul, Câmara Brasil-Alemanha e Amcham.

Transformação na Governança: A Base para a Sustentabilidade ESG na Fruki

Ari Pellicioli questionou Fabíola sobre sua percepção sobre a atual busca pela implementação de práticas de ESG, focando na responsabilidade corporativa relacionada à sustentabilidade ambiental e social dos negócios. “O que mudou para você nessa busca por práticas de ESG?”, ele perguntou. Fabíola trouxe, então, uma virada fundamental que aconteceu na empresa quanto à governança. Essa foi a origem de todas as outras mudanças necessárias para que a prática do ESG se estabelecesse, ainda mais numa empresa familiar e centenária.

Em 2005, a Fruki iniciou um processo de transformação em sua governança corporativa, buscando a consultoria da Werner Bornholdt Governança. O consultor, Werner Bornholdt, desempenhou um papel crucial na implementação do acordo societário da empresa, proporcionando significativo auxílio nesse processo. Dada a natureza familiar e centenária da Fruki, a assinatura desse acordo foi de extrema importância para prevenir conflitos entre os acionistas, que incluem diversas pessoas físicas ao longo das gerações. Essa iniciativa, tomada em 2005, consolidou a base para uma governança sólida na empresa. “Eu sou da quarta geração da empresa, então imaginem quantas pessoas físicas são acionistas da Fruki”, reforçou Fabíola. Estabeleceram, então, holdings familiares dentro do grupo, compostas exclusivamente por membros da família, visando evitar conflitos internos.

A iniciativa foi implementada com base no conhecimento que Nelson Eggers, pai de Fabíola, adquiriu durante uma palestra ministrada pelo professor João Bosco Lodi na década de 80. Desde então, Nelson começou a explorar possibilidades para garantir a perenidade da empresa. Em 2002, Aline Eggers Bagatini, irmã de Fabíola, ingressou na empresa e, em 2023, se tornou a atual presidente da Fruki, introduzindo novas práticas. Werner Bornholdt foi contratado para iniciar a consultoria, mas outras consultorias foram envolvidas ao longo do tempo, uma vez que o acordo societário é considerado um instrumento dinâmico, sujeito a alterações e adaptações constantes.

Estrutura Inovadora: Conselho Proativo e Comitê Executivo na Fruki

Várias pessoas, incluindo membros da família e externos, realizaram o curso de conselheiro no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) para contribuir ativamente no conselho da Fruki. Fabíola Eggers destaca: “Muitas pessoas fizeram também no IBGC o curso de conselheiro para poder atuar no nosso conselho.”

Atualmente, a empresa conta com um conselho proativo, presidido por Nelson Eggers, que deixou a presidência da empresa. Ele lidera o conselho ao lado de outros conselheiros externos, sem membros da família, dedicando-se efetivamente ao dia a dia da gestão. Fabíola acrescenta: “Ele é super atuante, ele atua realmente no dia a dia. Eles se reúnem para discutir todo o nosso futuro de fato”, enfatizou Fabíola.

Recentemente, implementaram um comitê executivo que vai além da diretoria, incorporando indivíduos estratégicos da empresa. Fabíola Eggers destacou: “Além da diretoria, foram convidadas pessoas estratégicas da empresa para participar do comitê executivo, onde esses tomam então as devidas decisões conforme for o andamento.” Essa abordagem fortalece a tomada de decisões com uma visão estratégica abrangente.

Fabíola detalhou como ficou a estrutura de divisão da Fruki em três partes, seguindo orientações claras: governança corporativa, que abrange o conselho e o código de ética; governança societária, que inclui o acordo de acionistas; e governança familiar, que segue o protocolo da família em conformidade com as diretrizes do IBGC. “É  bem bacana o que tem sido feito. É muito importante a gente pensar em ter um acordo, em ter um protocolo de família e ter esta estrutura bem dividida”. Tudo partiu da inspiração de Nelson Eggers para uma nova condução de um processo de transformação constante a partir da nova presidente, Aline Eggers Bagatini.

Caminhões Elétricos e Gestão de Resíduos em Destaque

Caco da Motta abordou, mais a fundo com Fabíola, o compromisso ambiental enraizado na Fruki Bebidas. A ideia foi saber mais sobre as iniciativas sustentáveis da empresa, com especial atenção para a incorporação de caminhões elétricos na frota de transporte de cargas, por exemplo. “Começamos a abordar o ESG recentemente, inicialmente pensávamos que não tínhamos muita coisa. Fizemos um mapeamento interno e percebemos que já tínhamos uma trajetória sólida desde 1980, quando estabelecemos nossa primeira estação de tratamento de afluentes”, disse Fabíola.

Ao falar especificamente sobre os caminhões elétricos na frota de transporte de cargas, Fabíola enfatizou a postura inovadora da Fruki em testar tudo que possa ser benéfico para o meio ambiente. Mas destacou que é preciso entender melhor quais são os reais benefícios e impactos desses investimentos que são altos. “Temos que considerar não apenas a economia de energia, mas também as questões relacionadas aos custos e à gestão das baterias após o uso”, explicou.

Além de testes com os caminhões elétricos, a Fruki também possui uma preocupação com o que produz de resíduos. “Temos programas como a gestão de recursos e tecnologias limpas, que visa a não geração de resíduos. O programa, específico para o gerenciamento de resíduos, trabalha para não gerar nenhum tipo de resíduo, seja sólido ou líquido, e, caso ocorra, precisamos ter um tratamento adequado”, ressaltou.

Preocupação com as enchentes do Vale do Taquari

Diante da devastação causada pelas fortes enchentes no Vale do Taquari, Fabíola Eggers compartilhou a experiência da Fruki Bebidas. “Fomos muito atingidos, não tenha dúvida, no sentido humano. A Fruki, graças a Deus, fisicamente não foi atingida. Porém, fomos intensamente procurados por todo o Vale do Taquari, não só em Lajeado, especialmente para doações de água. Esse foi o primeiro item solicitado”, revelou Fabíola.

A Fruki não apenas respondeu ao chamado, mas organizou uma equipe extra dedicada à logística para garantir que as doações chegassem a todas as áreas afetadas de maneira eficiente. Fabíola destacou a importância não apenas de doar, mas de assegurar a entrega eficaz dos recursos necessários.

O Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, enfrentou inundações devido a chuvas intensas em dois episódios separados em 2023, inclusive com um ciclone devastador que atingiu a região. As enchentes resultaram em danos às residências e interrupção no fornecimento de energia elétrica. Medidas de segurança foram tomadas para abrigar a população afetada e a Defesa Civil emitiu alertas de risco para rápida inundação dos rios. A iniciativa privada foi importante com ações pontuais em vários setores.

A empresária ressaltou também uma mobilização interna da Fruki, reconhecendo que alguns dos profissionais da empresa foram diretamente afetados pelas enchentes, perdendo tudo. “Tivemos uma situação complicada, não só para a comunidade, mas também para nossos próprios profissionais”, recordou. A Fruki é bastante cobrada por sua participação na comunidade, mas tem um olhar amplo para as pessoas de todo o Rio Grande do Sul.

Os próximos 100 anos

Com quase 100 anos de trajetória, a Fruki Bebidas se destaca como uma das principais empresas do segmento nos estados de SC e RS. A jornada começou em 1924, quando Emílio Kirst inaugurou a fábrica de Bebidas Kirst & Cia, produzindo inicialmente a cerveja Bella Vista em Arroio do Meio. A pequena fábrica cervejeira produzia apenas 200 garrafas por dia.

Ao longo dos anos, a empresa expandiu suas marcas e capacidade de produção, consolidando-se como uma referência no setor. Com valores sólidos, como surpreender clientes, nutrir relacionamentos de confiança e abraçar a sustentabilidade, a empresa busca fazer a diferença na vida das pessoas e do planeta.

“O que esperar dos próximos 100 anos? O que tem de novidade por aí?”, pergunta o jornalista Caco da Motta.

Recentemente, em 2018, a Fruki retomou a produção da cerveja Bella Vista como uma homenagem ao fundador Emílio Kirst. Além disso, a empresa iniciou a construção da nova fábrica em Paverama, programada para inaugurar em 2024, mas que já está operacional desde o final de 2023, com testes e as primeiras produções de refrigerantes. A intenção é expandir para a produção de água e, possivelmente, cerveja nos próximos anos, alinhando-se aos planos de expansão. “Ela vai ser a indústria mais moderna do Brasil, com tecnologias de ponta que vieram da Alemanha, da Itália. Nem nossos maiores concorrentes tem uma tecnologia tão avançada quanto essa indústria tem”, sustentou.

Inovação Sustentável na Fruki

Essa tecnologia possibilita inovações, como a produção de garrafas PET de 200 ml a 3 litros, abrindo oportunidades para marcas próprias e produção para terceiros. Com três variedades de água saborizada, a produção se estende à fábrica de Paverama. A Fruki também introduziu a inovadora água saborizada em lata, água mineral com gás e sem gás também em lata, sendo sustentável devido à reciclabilidade total do alumínio, em contraste com o desafio ambiental associado às garrafas PET.  “A lata tem uma pegada sustentável porque é possível reciclar 100% do alumínio, enquanto a garrafa PET ainda tem todo um trabalho grande a ser feito”, explicou.

A nova fábrica não apenas amplia a capacidade de produção em 50%, mas também proporciona reduções significativas no consumo de água e energia, reforçando o compromisso sustentável da Fruki. O investimento total na nova instalação foi de R$174 milhões. “Teremos a oportunidade de fazer vários tipos de produtos, inclusive esses de marcas próprias ou de terceiros que desejarem envazar na Fruki. A tecnologia avançada permite que a gente tenha redução em consumo de água, de energia. A gente consegue ter melhores resultados do que tem hoje”, declarou.

Novos produtos para Santa Catarina e de olho no Paraná

Ari Pellicioli indagou Fabíola sobre a estrutura da Fruki diante dos desafios do mercado empresarial, especialmente em relação às constantes inovações alinhadas à prática do ESG. Ele questionou se existe uma estratégia específica na empresa, como um departamento para lidar com pesquisa de novos mercados, inovação, processos e a preparação para eventos previstos para 2024, como a inauguração de uma nova fábrica e o lançamento de novos produtos.

Fabíola explicou que a Fruki possui um comitê multidisciplinar. Esse comitê é responsável por discutir inovações dentro das possibilidades da empresa, especialmente com a nova fábrica, que ampliou as opções de produção. Ela destacou a criação da Fruki Berga, uma combinação de Fruki Guaraná com Bergamota, como uma ideia do comitê que a diretoria aprovou.

Para o verão, a Fruki lançou a Frucaxi, uma combinação de Fruki Guaraná e abacaxi, que Fabíola descreveu como “mais refrescante e uma inovação de sabor”. A empresa expandiu para Santa Catarina, introduzindo o sabor Laranjinha, bastante querido na região. Além disso, Fabíola mencionou que estão explorando oportunidades no Paraná, onde identificaram uma preferência pelo sabor framboesa. Ela sugeriu a possibilidade de lançar uma Fruki Framboesa para atender a esse mercado específico. “Mas ainda é segredo, não posso adiantar mais detalhes”.

Impacto, Liderança e Transparência

Ari Pellicioli ressaltou a importância da gestão da empresa, especialmente em questões ambientais, governança e sustentabilidade. Ele reconheceu o impacto significativo da Fruki na sociedade, especialmente na região do Vale do Taquari e o papel de Fabíola à frente da Divisão ESG da Federasul. Por outro lado, Caco enfatizou a liderança feminina na Fruki como uma notável e positiva iniciativa. Ele destacou a presença de duas líderes importantes, referindo-se a Fabíola e sua irmã, que ocupa a posição de presidente, incentivando outras mulheres a assumirem papéis de liderança na região do Vale do Taquari e no Rio Grande do Sul.

Por último, Fabíola destacou a iniciativa da Fruki ao criar um FAQ (Frequently Asked Questions – Perguntas Frequentes) disponível no site da Federasul. O objetivo desse recurso é oferecer às pessoas uma compreensão clara e transparente sobre como implementar o ESG em suas empresas. A proposta central da Fruki ao desenvolver o FAQ era simplificar o entendimento do processo, tornando-o acessível e transparente para facilitar a adoção do ESG.

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